quinta-feira, 11 de setembro de 2014

JARARACA O CANGACEIRO QUE VIROU SANTO


 UM CANGACEIRO, UMA AÇÃO ALVISSAREIRA E UMA REPERCUSSÃO NO SERTÃO

Alguns pesquisadores do cordel classificaram ou classificam os temas abordados, nessa mídia, em ciclos, tanto brasileiros como brasilianistas, sendo os mais conhecidos: Manuel Diégues Júnior, Manoel Cavalcanti Proença, Orígenes Lessa, Roberto Benjamin, Liêdo Maranhão, Ariano Suassuna, Raymond Cantel, além de outros. Aqui não foram citados os títulos das obras dos respectivos estudiosos, porque não é o objetivo desta apresentação.
Na produção cordelística brasileira, no geral e nordestina, em particular, na polêmica classificação em ciclos ou temas, é conhecido que um dos mais enfocados, sem sombra de dúvida, é o cangaço.
Vale destacar a importância do cangaço no cordel, que, um brasilianista: Ronald Daus, de origem alemã e professor da Universidade Livre de Berlim, escreveu uma obra dedicada ao tema, cujo título é O Ciclo Épico dos Cangaceiros na Poesia Popular do Nordeste. Destacou o fenômeno do cangaceirismo, retratado através da Literatura Popular em Verso (denominação dos pesquisadores da Fundação Casa de Rui Barbosa), a imagem da epopeia cangaceira, principalmente Antônio Silvino e Lampião e como herói popular do Nordeste brasileiro.
Os cangaceiros mais mencionados no Cordel são Lampião, Antônio Silvino, Corisco, Jesuíno Brilhante, além de outros. Independente do tempo e do espaço, os cordelistas que narram as peripécias cangaceiras viveram ou vivem muito distante dos lugares que os cangaceiros nasceram e atuaram.
No Rio Grande do Norte o tema cangaço começou a ser escrito, até onde se tem notícia, desde o ano de 1927, pela ocorrência da invasão a Mossoró-RN pelo bando de Lampião. Como os relatos nos livros de Mário de Andrade (folhetos recolhidos na terra potiguar, de dezembro de 1928 a fevereiro de 1929), Raimundo Nonato e Raul Fernandes. De 1927 até o presente momento vários cordelistas potiguares escreveram sobre o cangaço, como atesta a pesquisa de Gutenberg Costa.
Dentre os cordelistas potiguares tem destaque Nando Poeta, professor de sociologia, engajado politicamente nas lutas sociais há muitos anos e morando em Natal-RN e em São Paulo-SP, respectivamente. Pesquisador cuidadoso na busca do conhecimento do objeto de estudo, principalmente na fonte bibliográfica. Já escreveu sobre vários temas: sociais, políticos, econômicos, gênero, etc.. Ultimamente vem escrevendo e publicando sobre o cangaço, com as seguintes obras: O Cangaço e o Lendário Lampião, A saga de Jesuíno Brilhante e Corisco: O Vingador de Lampião.
Agora e com o propósito desta apresentação, vem a publicação de Jararaca: O Cangaceiro que Virou Santo, que, narra a atribulada vida do cangaceiro José Leite de Santana, conhecido pela alcunha de Jararaca. Nasceu em 1901 no lugarejo de Moderna, na época pertencente a Buíque e hoje localizado no Município pernambucano de Sertânia e faleceu em Mossoró-RN, em 1927. Serviu ao Exército brasileiro e esteve em São Paulo e Rio Grande do Sul. Desligou-se das Forças Armadas e voltou à terra natal, cometeu um crime e foi para a clandestinidade. Entrou no bando de Lampião, como já tinha experiência militar, foi admitido como chefe de subgrupo e assim atuou na tentativa de invasão a Mossoró-RN, em 1927.
Assim como a maioria das obras cordelísticas de Nando Poeta, esta é formada por estrofes sextilhadas, com exceção do acróstico que é uma décima.
A narrativa sobre Jararaca começa com o fato mais relevante de sua vida: chefe de subgrupo do bando de Lampião na tentativa de invasão à cidade norte-rio-grandense. Nesse intento, foi alvejado, ferido, delatado por um transeunte, preso e assassinado, de acordo com as pesquisas divulgadas pelos estudiosos do tema ao longo desses 87 anos de existência da mal sucedida atuação lampiônica, na terra de Santa Luzia. Na continuação tem ênfase os traços biográficos, sendo as principais nuances: inquieto, jovem, militar, assassino, cangaceiro e assassinado. No final surge um fenômeno da metafísica, tipicamente da religiosidade popular nordestina e não reconhecido pela igreja Católica Apostólica Romana, ou seja, a crença popular de ser milagreiro e no dia de finados, o seu túmulo é um dos mais visitados do cemitério São Sebastião, em Mossoró-RN.
Nando Poeta, com sabedoria, não segue a ordem cronológica da vida do bandoleiro e sim, dos acontecimentos marcantes de sua existência, pela gradação: atuação e fim, traços biográficos e a manifestação da crença popular de milagreiro. O início e o fim da narrativa têm como cenário a terra mossoroense e potiguar e da epopeia cangaceira, que, também é do povo do sertão e da caatinga.

Carlos Alberto da Silva
Natal-RN, 07 de abril de 2014

SERVIÇOS:
ISBN 978-85-7410-207-8
Tamanho: 13,5x18
Vendas pelo e-mail: vendas@editoraluzeiro.com.br
Valor: R$ 5,00


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