sexta-feira, 23 de junho de 2017

DIÁLOGOS SOBRE LITERATURA NORDESTINA NA USP

Ontem a convite do amigo Eric Felipe, participei de um debate na USP cujo tema era a Literatura Nordestina, embora acredite numa cultura sem fronteira. Compus a mesa com os amigos Agnelo Bento que tratou do livro e do filme São Bernardo de Graciliano Ramos e Renata de Carvalho que focou na obra de Patativa do Assaré, enquanto eu discorri sobre o Cordel brasileiro e parte de minha humilde obra, além dos grandes mestres como Leandro Gomes de Barros. Foram quase três horas de debate, perguntas e respostas, um evento magnifico promovido pelos alunos de Geografia. Tive a felicidade de conhecer o professor Manuel cearense e amigo dos meus professores paraibanos. Fui recepcionado carinhosamente pelos alunos Ian e as duas Julianas. O evento foi maravilhoso, digno de ser repetido diversas vezes. Agradeço por nos proporcionar levar o cordel ao maior número possível de pessoas. Terminei a minha fala com um poema que fiz no trem a caminho da USP.

Desde menino eu sentir
Que seria de fato a sina
Percorrer nosso Brasil
Quiçá América Latina
Espalhando para os povos
A cultura nordestina.

A arte não se destina
Para alguma região
Ela extrapola fronteiras
Invade o seu coração
Mesmo sendo nordestino
Eu sou de toda a nação.

Pois a arte é feito o pão
Quando em casa se esquenta
Mesmo quem não sente fome
Sente o cheiro é não aguenta
Não resiste aos seus encantos
Chega junto e se alimenta.

Junto dela a gente enfrenta
Seja golpe ou ditadura
Se preciso até se esconde
Para beber a cultura
Que o coração da gente
Se aquece em literatura.

Há quem enfrente a tortura
Em busca da liberdade.
A mentira não suporta
Nenhum pingo de verdade
E todo falso se esconde
Em frente a cumplicidade.

Vir a essa faculdade
Tão cheio de alegria
Abraçar cada estudante
Que cursa geografia
Sou andarilho com fome
Do pão da sabedoria.

Confesso que este dia
Ficará na minha memória
Porque o nosso Cordel
Já galga os passos da Glória
Eu tão pequeno, pegando
Carona na sua história.

Nossa linda trajetória
Ganhe a maior estrutura
O estudo nos transponha
Para o mundo da ternura
Num coro digamos não
Para a torpe ditadura.

Usando a literatura
A gente não vai Temer
A quem descaradamente
Usurpou nosso poder
Que é papel literário
Gritar fora até morrer.

Quero aqui agradecer
Pelo convite maneiro
Feito ao aprendiz menor
Sem saber e sem dinheiro
Que finaliza dizendo
Viva o Cordel brasileiro.

Varneci Nascimento

Junho de 2017






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